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BIM para infraestrutura e em edificações: quais as diferenças?


Créditos: Banco de imagens


O uso do BIM em empreendimentos de infraestrutura lida com problemáticas muito diferentes daquelas já mapeadas em edificações. Para o necessário avanço do conhecimento e das práticas em BIM nas obras da Indústria da Construção Pesada, o ponto de partida é compreender desafios relacionados justamente às diferenças. Topografia e Logística, bem como Softwares específicos e Interoperabilidade, são questões cruciais. A diversidade característica dos empreendimentos – aeroportos, portos, estradas, túneis, adutoras, barragens, entre outros –, por si só, também se configura tal como um desafio diferente e relevante a ser transposto.


Ao lado dos desafios, que envolvem profissionais atuantes em todas as fases do empreendimento - projeto, construção e manutenção da obra -, os benefícios relacionados ao uso do BIM em obras de infraestrutura também têm diferenciais em relação ao investimento.


O retorno do investimento (payback) necessário para a implementação do BIM na Indústria da Construção Pesada é mais rápido, se comparado com edificações, pois seus custos absolutos de implantação são parecidos assim como os impactos porcentuais dos seus benefícios (redução de retrabalhos, prazos, etc.). No entanto, típicas obras de infraestrutura exigem valores de investimento muito maiores para a sua concretização. Pequenas economias porcentuais, seja pela otimização de custos ou redução no prazo de execução (e consequentemente de mobilização de pessoal e maquinário) representam valores financeiros expressivos, que cobrem com facilidade os investimentos no BIM.


Ainda assim, os avanços relacionados à prática do BIM em obras de infraestrutura ainda são muito tímidos. Frente ao desafio, em entrevista recente, Eduardo Toledo Santos, conselheiro do BIM Fórum Brasil e professor do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP, explica que é muito importante compreender especificidades deste tipo de empreendimento. A identificação das diferenças em relação às obras de edificações é um relevante ponto de partida para usar adequadamente o BIM para infraestrutura. Entre os aspectos principais, se destacam a importância da topografia e do planejamento logístico, e a questão do software e interoperabilidade.


Topografia


Item crucial para praticamente todos os tipos de empreendimentos no segmento de infraestrutura, a topografia é a base para a realização de qualquer obra. Diferente das obras de edificações que, na maioria dos casos, se desenvolve num lote relativamente limitado, que pode ser alvo de intensa terraplenagem, as estradas, ferrovias e adutoras, por exemplo, podem se estender por centenas de quilômetros. Frequentemente, a topografia é definidora do próprio projeto da infraestrutura que, sem ela, nem se inicia.


Planejamento Logístico


Obras de edificações podem ser bastante complexas, com milhares de atividades, em sequência precisa, de centenas de diferentes tipos. Por isso, uma das funções mais rotineiras do chamado “planejamento 4D” nesse tipo de empreendimento é a verificação visual do cronograma: uma animação passo-a-passo da obra, onde a câmera fica fixa, em posição estratégica, visualizando o canteiro, ou contorna o prédio de acordo com a etapa sendo executada. Condições totalmente opostas às da construção de uma rodovia, onde a sequência de atividades é bastante monótona e o “canteiro” de estende por muitos quilômetros. Nesse caso, mais importante que a validação da sequência das atividades, é estudar a logística - movimentação de máquinas e pessoal, bem como armazenamento de materiais e equipamentos, mudando bastante o foco e a maneira de utilizar o BIM 4D.


Software e Interoperabilidade


Ainda há relativamente poucos softwares disponíveis no mercado para projetistas de obras de infraestrutura, e a maioria é específica para cada tipo de obra pesada. Na mesma medida, o padrão para interoperabilidade aberta de modelos BIM – o IFC – ainda é insuficiente para representar todos os elementos de obras lineares, bem como o subsolo. Enquanto o padrão não avança, prevalece a interoperabilidade fechada (com uso de aplicativos de um mesmo fabricante) e menor troca de modelos, o que não significa que o BIM não possa ser utilizado com sucesso nessa área, como demonstram inúmeros casos.


Ainda muito trabalho deve ser feito que o BIM aplicado a obras de infraestrutura atinja o mesmo nível de maturidade alcançado na área de edificações, seja em termos de ferramentas, boas práticas, padronização ou capacitação de profissionais. Por outro lado, isso representa enormes oportunidades para empresas e profissionais que fomentam uso do BIM na Indústria da Construção Pesada e as recompensas certamente serão proporcionais ao tamanho das obras do setor.


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