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Por que adotar processos BIM?


Créditos: Banco de imagens


No mês em que comemoramos um ano de lançamento do BIM Fórum Brasil, é interessante refletir um pouco sobre os benefícios de migrar para o BIM.


BIM (Building Information Modeling) é uma evolução tecnológica do CAD (Computer Aided Design), que era a solução anteriormente adotada para viabilizar empreendimentos de construção. Com o uso do CAD o desafio é o da 'representação' do empreendimento que se deseja construir. No BIM o desafio e o foco é criar um modelo 3D e estruturar nele todas as informações do empreendimento (geométricas e não-geométricas), de maneira que se possa simular seu desempenho futuro. Com o CAD, produzimos apenas documentos, basicamente desenhos técnicos de engenharia (plantas, cortes, fachadas). Estes desenhos podem ser precisos, mas são elementos isolados, não são 'integrados' entre si e então, quando é necessário realizar alguma mudança, as revisões dependem apenas da atenção humana e precisam ser realizadas e refletidas em vários arquivos diferentes. Porém as revisões e mudanças são comuns no desenvolvimento de projetos de construção, portanto o uso do CAD e o embasamento dos processos da construção apenas em documentos fragmentados é uma fonte original de inconsistências que as equipes de projetos sempre precisarão enfrentar. Isso consume muitas horas e um significativo esforço de trabalho.


Com o BIM também se pode gerar documentos. Chamamos de 'documentação do modelo', porque no BIM os documentos são extraídos dos modelos e são, portanto, uma consequência deles. Caso seja necessária alguma alteração, revisa-se o modelo 3D e então, extrai-se automaticamente uma nova documentação, atualizada e consistente.


A migração para o BIM não é simples, porque idealmente não acontece de maneira isolada, dentro de uma única empresa. É preciso estender a mudança para o grupo de empresas envolvidas no desenvolvimento de um empreendimento. Mas não é assim mesmo que na realidade os empreendimentos de construção são desenvolvidos? Por vários envolvidos? Que precisam realizar inúmeras trocas de informações?


A adoção do BIM com foco nas informações provoca uma ampliação da visão do processo de projetar, construir e manter.


O próprio esforço de implantação do BIM desafia os profissionais e as empresas, remexe algumas das suas 'entranhas', expõe algumas fragilidades e acaba induzindo mudanças nos pontos de vista dos envolvidos, sobre o próprio processo de trabalho e sobre como são realizados os trabalhos de projetar, dimensionar, construir e manter.


Segundo o BIM Dictionary, quando uma organização alcança um nível de 'BIM avançado' (https://bimdictionary.com/en/big-bim/1) ela realiza grandes mudanças nos seus negócios (e nas suas estratégias) como consequência dos passos realizados para integrar dados e informações de diferentes tipos e origens, para ampliar a compreensão e consciência das suas ações e decisões, dentro de um contexto também ampliado. Os requisitos do negócio, dados da indústria da construção, informações geográficas e informações em tempo real sobre operações são cruzados e combinados para apoiar a tomada de decisão integrada, utilizando interfaces ajustadas para cada diferente usuário, conforme suas necessidades específicas. O foco está nos dados e informações. No BIM avançado os dados e informações provém de repositórios distribuídos, compartilháveis e interoperáveis, interconectados para englobar todas as informações sobre os ativos. No BIM avançado você cria ou manipula dados utilizando um quase ilimitado conjunto de ferramentas num processo sustentável que não está mais isolado de nada nem de ninguém.


É óbvio que não se chega lá num único passo. Compara-se à escalada de uma grande montanha. O planejamento e a definição da trajetória e dos 'passos' é essencial assim como também é fundamental que se identifique e se planeje 'vitórias rápidas' (quick-wins), que certamente vão ajudar a convencer alguns e a animar outros a prosseguirem com a empreitada.


A migração para o BIM costuma provocar:

  • A ampliação da visão e passar a pensar e calcular qual o desempenho e custo total de um empreendimento ao longo de toda sua vida útil (e não apenas, qual o custo do projeto ou qual o custo da construção isoladamente);

  • O foco nas informações nos desafia a pensar em como classificá-las e codificá-las para que possam ser ´compreendidas´ e reutilizadas também por máquinas (softwares) e não apenas por pessoas;

  • Ampliação do entendimento daquilo que está sendo projetado e dimensionado, porque mesmo aqueles que não são técnicos costumam ´enxergar melhor´ as soluções nos modelos 3D;

  • Obras mais fluídas, com menos erros, com menor quantidade de improvisos, porque os projetos desenvolvidos com BIM podem ser mais bem estudados e coordenados, considerando inclusive os ´métodos´ de execução, os equipamentos, o próprio canteiro, considerando que é possível modelar e simular também os processos construtivos, não apenas a própria edificação ou instalação;

  • Maior aderência dos projetos aos orçamentos e planejamentos, através da extração automática de quantidades de elementos e serviços e simulações da execução das tarefas, caso, obviamente, tenham sido adotadas as melhores práticas para classificação, codificação e estruturação das informações não-geométricas nos modelos 3D BIM;

  • Tomadas de decisão baseadas em dados e informações consistentes.


Além da mudança no 'modo de trabalhar' também é muito importante considerar que o uso do BIM ao final gera ´entregáveis´ mais valiosos que apenas os 'desenhos', textos e planilhas (documentos fragmentados). Nós já sabemos o que podemos fazer com os documentos.


Já os potenciais usos de modelos 3D BIM de uma edificação ou instalação ainda estão sendo descobertos a cada dia e eles têm sido considerados como 'ativos digitais'. Uma edificação ou instalação que possua um modelo 3D BIM será mais valiosa que outra semelhante que simplesmente não possua esse 'ativo'.


A melhor decisão parece ser mesmo 'apertar o passo', porque quando o argumento são as mudanças provocadas pela evolução da tecnologia, não há muita folga para as hesitações.


Como os desafios também são muitos, o convite que faço é que enfrentemos juntos esta escalada. Associe-se ao BIM Fórum Brasil.



Artigo por Wilton Catelani





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