Pré-Construção, Fast Construction e a integração em BIM – relação sinérgica em benefício da inovação

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No Brasil, com mais intensidade a partir do início da década de 1980, a Pré-Construção tem adquirido força e ganhado cada vez mais espaço quando o assunto é aumentar a produtividade no setor da construção civil. Entre os benefícios da prática – fundamentada no desenvolvimento e planejamento cuidadoso do projeto que antecede a obra –, três itens se destacam: a precisão na mensuração dos recursos financeiros, materiais e profissionais necessários ao empreendimento; o aumento da produtividade - uso racional de recursos que evita desperdícios e retrabalhos; e a redução de atrasos no cronograma das obras. Entre outros, tais benefícios estão diretamente relacionados com a premissa de explorar ao máximo o potencial do canteiro de obras tal como local dedicado à montagem de elementos pré-fabricados.
Paralelamente, o setor mundial de AEC - Arquitetura, Engenharia e Construção tem vivenciado cada vez mais desafios mercadológicos, muitos dos quais resultantes de rápidas transformações e inúmeras opções para o uso de novas tecnologias, muitas vezes pouco pautadas por referências qualitativas. Fato é que também aumenta cada vez mais a demanda por rapidez para a realização de projetos, sobretudo apresentadas por empreendedores e investidores.
Frente aos desafios, aliada à Pré-Construção, a prática da Fast Construction tem permitido avanços significativos. Permite gestão eficiente dos diversos processos, bem como dos sistemas construtivos e etapas que caracterizam uma obra, tendo como premissa viabilizar a realização simultânea de diversas atividades no canteiro. Ao adotar uma visão de projeto sistêmico e integrado, traz mais precisão para mensurar tempo e recursos envolvidos, diferencial competitivo muito valorizado no mercado contemporâneo. As duas práticas são sinérgicas e ganham ainda mais efetividade quando pensadas em um projeto integrado com o uso do BIM.
O Building Information Modelling - BIM, ou Modelagem da Informação da Construção, na opinião do engenheiro civil Paulo Oliveira, CEO da ARATAU CONSTRUÇÃO MODULAR, foi a “primeira grande quebra de paradigma no setor de AEC”. A ARATAU CONSTRUÇÃO MODULAR é uma empresa brasileira pioneira no desenvolvimento de soluções construtivas modulares industrializadas com diversos tipos de materiais, tendo em comum a premissa de fabricar módulos que são montados no local da obra – uma linha de atuação que pode reduzir em até 50% o tempo de execução, quando comparado com a execução tradicionalmente praticada no setor da Construção Civil.
Oliveira acredita que a expansão do uso e da prática do BIM tem sido fator extremamente relevante quando o assunto é ganhar eficiência, precisão e integração multidisciplinar nos projetos de edificações, seja qual for a tipologia do empreendimento. “A verdade é que o BIM não é um conjunto de softwares que permitem interoperabilidade, tal como muitos podem pensar em um primeiro momento. Mas, sim, uma tecnologia disruptiva que permite estabelecer metodologia e processos colaborativos para a integração de todos os conhecimentos necessários à realização de um projeto ou definição de um modelo de construção”, esclarece o engenheiro.
Os avanços de práticas em BIM permitem a digitalização completa, bem como o uso de dados sobre processos e sistemas construtivos de modo integrado. Envolve a adoção de uma metodologia que tem por princípio agregar inteligências de Engenharia com agilidade nos processos de projeto: se traduz justamente tal como a sinergia necessária para a evolução mais rápida e estruturada da área de construção modular, o que beneficia o setor de AEC e proporciona obter diferenciais competitivos frente às demandas mercadológicas atuais, mundialmente.
Quebra de barreiras
De forma resumida, o uso do BIM quebra muitas barreiras de comunicação e informação entre todas as partes envolvidas em um projeto. Assim, torna o processo da indústria de construção mais fácil e coordenado, ou como bem define Oliveira: “é sinônimo da união de pessoas, tecnologia e processos para melhorar os resultados na construção civil”. A prática do BIM facilita o processo colaborativo de trabalho entre arquitetos, engenheiros, fabricantes, desenvolvedores e empreiteiros, entre outros elos envolvidos na realização de projetos, sobretudo melhora a eficiência e a precisão do design, da construção e do gerenciamento das diversas etapas de uma construção.
BIM – o elemento integrador das práticas em Pré-Construção e Fast Construction
Práticas inovadoras e aumento da produtividade são desafios crônicos inerentes ao setor da Construção Civil. Ambos vêm sendo apontados como entraves a serem superados em razão dos impactos econômicos, sociais e ambientais que causam, mundialmente. Nesta conjuntura, a construção modular tem ganhado espaço e mostra que veio para ficar. De acordo com a empresa de consultoria McKinsey, por exemplo, a percepção dos consumidores sobre moradias pré-fabricadas está mudando, sobretudo por conta das novas opções de materiais e componentes que permitem unir a funcionalidade de edificações industrializadas ao design customizado e estilo arquitetônico mais contemporâneo.
Para efeitos de análise comparativa, um projeto tradicional é desenvolvido de forma sequencial e pouco colaborativa. Isto gera atrasos nos cronogramas e produz impactos nos custos dos empreendimentos. Já a construção modular, agora aliada ao uso do BIM, pressupõe um amplo trabalho de projeto e planejamento, que permite o combate ao desperdício e à ineficiência na gestão de interfaces com profissionais envolvidos. De acordo com a apuração da consultoria internacional Markets & Markets, a construção modular tem potencial para reduzir 80% dos resíduos que a construção tradicional produz e deverá apresentar um crescimento médio de 6,9% ao ano até 2023.
“Com um bom projeto de construção modular e o uso adequado do BIM é possível testar um modelo de edificação, fabricando-o e montando-o virtualmente, entendendo o seu comportamento, antes da sua produção e montagem no canteiro de obras”, esclarece Oliveira. O estudo avançado das interfaces e a simulação do sequenciamento da montagem são obtidos através da coordenação, compatibilização, visualização e animação em 3D, garantindo ganhos de tempo, gestão eficiente de recursos, e consequentemente aumento da produtividade.
“Para economias em desenvolvimento, tais como é o caso do Brasil, no momento pressionadas por cenário mundial de instabilidade política e econômica, saber investir em inovação tecnológica e racionalizar recursos disponíveis é um forte diferencial competitivo, bem como sinônimo de atuação consciente em benefício do aumento da eficiência e produtividade no setor de AEC”, conclui Oliveira.